quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Porque?

Que queria que eu lhe dissesse?
Que ainda sou louco por você?
Que não suporto saber que já me esqueceu, e
Que já existe outra pessoa na sua vida?
E que lhe encontrar só me fará sofrer mais?


ah, Por favor.


Tudo que tinha pra te dizer já lhe falei com todas as
palavras. Explicar o quê?
Se não quiser dizer nada, não precisa.
Você sabe quem eu sou, o que penso e o que quero.
Se um dia alguma coisa pra você mudar, me avise.
Mas aí já pode ser tarde demais.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O velho e o rio.

Na beira do rio das flores, perto da cidade onde nasci, havia um velho que todas as manhãs sentava num tronco caído as suas margens, faz isso para aproveitar os primeiros raios do dia, sua pele já não era forte, e naqueles tempos fazia muito calor nas tardes Dezembro. O velho era conhecido por sua sabedoria e era comum que nesta parte da manhã moradores do vilarejo aproveitassem pra pedirem conselhos. Certa vez, uma jovem moça muito bonita, caminhava com seu filho e ao vê-lo aproximou-se. O velho parecia distante em seus pensamentos, mas sempre foi muito afetuoso, e ao perceber a moça chamou para perto. Ela sentou-se ao lado, colou o pequeno filho no colo e perguntou:
- já passaram alguns anos que meu marido se foi, tenho trabalhado duro e sido mãe e pai ao mesmo tempo, nada tem me faltado em casa, mas sinto ainda um vazio, não consigo me entender com ninguém e os dias tem passado sem sentido. Que devo fazer?
O velho fixou o olhar para o rio, onde peixes disputavam as pequenas migalhas de pão atiradas por ele. Suspirou  por um segundo e disse:
- Eu não sei. A resposta para tuas angústias encontrarás em ti mesma. Pra vida não existem respostas prontas. Quando achamos que está tudo bem e tranquilo, como este rio agora, vem uma cheia e arrasa tudo. O Segredo da vida não está nas grandes coisas, nos grandes feitos, pois até estes tem origens nas coisas mais simbólicas. Ama a ti mesma, ao teu filho. Dê valor aos detalhes, as palavras simples, aos verdadeiros amigos, dê amor a quem lhe dar amor, e ao que não der deixa-o seguir em paz. Não lamente as perdas, afinal a vida é como esse rio aqui, muitas vezes ele parece que está parado no seu mesmo curso, mas ele se renova a cada instante, e novas coisas acontecem, ele se transforma constantemente.  E em um momento tudo chega ao seu destino.
A jovem moça pareceu querer chorar, neste hora o velho com suas mãos enxugou-lhe uma lágrima. E disse: - Na vida chorar também tem seu momento. Mas não convém nesta vida carregar tanto peso só. Isto tenho feito minha vida toda. E um novo amor, quem sabe, um dia pode chegar. Viva a vida sem muitas ansiedades, tudo tem seu tempo.
A moça retirou-se, silenciosa. O velho ainda viveu por muito anos, sempre ali para os que queriam conversar. A moça nunca mais se viu, mas ouviu-se que tinha mudado pra cidade grande e encontrado seu caminho.
*
Neste ano que chega, que cada um de nós possa encontrar nosso caminho, vivendo com sinceridade, com amor, com alegria, com beleza. As tristezas fazem parte do dia-a-dia, tenha amigos verdadeiros, ele não falham nunca. Aos meus amigos e as pessoas que amo!

Igor Fernando Bayma
  

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O Mundo, a Felicidade e a Saída!

Eu na verdade, gostaria hoje de escrever algum conto novo. Mas tem me faltado dedicação e tempo. tenho me atarefado com as coisas concretas do mundo, o que de fato toma muito tempo. Mas é bom, pra não dizer interessante falar das coisas do dia-a-dia, do "concreto", do cotidiano. Olha, de fato hoje, achei que tinha visto muita coisa na minha vida. Com certeza tem a ver com a "frente popular" que comanda esse país, ou certamente tem a ver com as eleições e o clima de descrédito geral que reina no mundo, pode ser a crise econômica mundial, ninguém sabe o quer! Pelo menos alguns setores na nossa tradicional classe média. Quando alguém disser pra você que sabe o quer da vida ou pra ela, desconfie! Quando alguém lhe disser "cansei dos príncipes", desconfie. Em tempo de profunda estagnação política e de imobilização popular, todos nós achamos que sempre há tempo pra buscar algo mais. Tudo é relativizado, ultimamente andei pensando sobre o cosmo, o tudo e o nada absoluto, o que me deixou de certa forma deprimente, mas me deixou uma certeza: não temos tempo pra nada, o mundo e a vida caminham para o fim inevitavelmente. O verdadeiro sentido da vida não é outro se não a busca da própria felicidade. O capitalismo já toma todo nosso tempo, e quando sobra algo para ser feliz não valorizamos ou não prestamos atenção nas coisas que tem valor de fato. A ideologia do mundo é a ideologia dos animais. Viver como animais para o capitalismo basta. Muitos são felizes (na verdade pensam que são) apenas por ter tratamento igual [ter onde dormir, comer e reproduzir-se]. Eu sei o que quero; quero se feliz e ser feliz só não me basta. A vida de animal é pouco, quero poder desenvolver com alegria todas as minhas capacidades abstratas, artísticas e intelectuais. Quero também ser feliz junto, porque ser feliz separado não é felicidade. E mais ainda, quero ser feliz com todos os homens e mulheres que fazem e controem de fato o que há de bom mundo, e neste mundo, como está, é impossível ser feliz. Mas se quer saber se existe uma saída? A saída é não parar de procurar uma saída. Confuso? hoje não é meu melhor dia pra explicar.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Amelie

A voz de Billie Holliday cantando Summertime tocava suavamente em um pequeno bar numa esquina de um bairro antigo na cidade do Recife, apesar da hora avançada existiam poucos clientes naquela noite quente que se mostraria inusitada. A luz amarelada que refletia dos moveis antigos e das pequenas luminárias que ficavam sobre as mesas, dava o tom do lugar. Ao fundo um longo balcão de madeira que tomava boa parte do interior do lugar parecia ser o local preferido das conversas além de garantir visão privilegiada de todo espaço.
Amelie chegou faltavam dez minutos para as 23 horas, o vestido preto que deixava as costas completamente nuas contrastava com os longos cabelos loiros que caiam pelo ombros. Trazia no rosto um olhar enigmático e um sorriso malicioso.
Pedimos vodka e gelo. Silenciamos por um instante, nos olhavamos como tentando saber o pensamento do outro. Mil pensamentos corriam nessa hora, éramos íntimos estranhos, mas não parecia haver dúvidas do que se fazer.
O doce sabor de frutas vermelhas da vodka foi sem dúvida a prévia de algo muito mais doce que provaria naquela noite.
Amelie sorria, e era um sorriso de menina, seu rosto ruborizava a cada olhar. Segurava o copo com as duas mãos, após o segundo gole, levantou seus olhos e disse: "- esperei muito pra te ver, não perderia esse momento por nada."
Como que num filme, a jukebox começou a tocar "i want to know what love is". Segurei sua mão por sobre a mesa, nos olhamos, minha boca então fria nesta hora pelo gelo da bebida foi tomada de um calor invasivo do beijo de Amelie.
O Plaza Hotel as margens do Rio Capeberibe, na bela e linda Rua da Aurora, tornou-se nessa noite o centro do mundo. A grande Lua cheia tomava conta e reinava na noite iluminou nosso caminho até o plaza. Apenas as estátuas da ponte Maurício de Nassau foram testemunhas dos desejos de Amelie. Nas estruturas de aço que se inclinam pra dentro do rio foram o local do tardio amor, nesta hora até Minerva (umas das estatuas) corou.
Quantos Kilometros são necessários pra se medir uma paixão? Que impacto de fato causa a distancia na vida de duas pessoas? Com certeza não menos que o impacto da vontade e do desejo do "querer".




domingo, 6 de setembro de 2009

Sabrina

11 da noite, a campainha do apartamento tocava insistentemente, rompendo o silêncio absoluto que se fazia naquele fim de inverno. Estava escuro e o luar que entrava pela janela da sala indicava o caminho até a porta. Pelo olho mágico percebi a silhueta de uma mulher. Abri a porta e foi com surpresa que pude ver quem estava parada a minha frente. Seu cabelo dourado tocava os ombros, vestia uma calça jeans desbotada e uma blusa azul que deixava as costas completamente nuas. - Não diga nada, disse Sabrina. Seus olhos amendoados e sua voz firme me deixaram imóvel, ela segurou minha mão e antes que esboçasse qualquer reação me beijou. Atônito e sem acreditar no que estava acontecendo imaginei que seria um sonho, mas o perfume levemente doce e a pequena mordida nos meus lábios me convenceram do contrário. E foi com um sorriso no canto da boca que ela me perguntou:

- Não me convida para entrar?
- Claro, claro. Respondi.
- Senti muito sua falta. disse ela.
- Você sumiu. Respondi acendendo o pequeno abajur no canto da sala.
- Estive em Montevidéu ajudando meus pais, achei que não voltaria mais ao Brasil.
- E quando você voltou? perguntei.
- Cheguei há dez dias e me contaram que você ainda estava aqui, morando num apartamento na zona sul da cidade. Não quis perder mais tempo. Disse acendendo um cigarro ao mesmo tempo em que segurava a franja loira na altura do queixo.

A conversa com Sabrina durou o tempo de meia garrafa de vinho merlot que descansava fria no fundo da geladeira. Enquanto All of me tocava no antigo receiver e relembravamos o passado na nossa juventude, deitamos no rastro da lua, no meio da sala, alí passamos o resto da noite. Ela apoiou seu rosto por sobre o meu peito e suas pernas por sobre as minhas, não éramos estranhos, fomos cúmplices do nosso destino a vida inteira mas nunca nos demos conta disso. - Não vou te deixar mais, falou Sabrina acariciando meu peito. A Meia-noite em ponto o relógio parou, nesta hora nos tornamos um, o mundo também parou um pouco nesse momento e somente as sombras se moviam lentamente. A madrugada terminou molhada pela chuva e pelo prazer.

- Estou com sono. Ela disse.

Deitou sobre mim e dormiu docemente, o alvorecer azulado trouxe também meu descanso e de novo a vontade de sonhar.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Manhã de Inverno

Manhã fria, naquele alvorecer de inverno o vento frio entrava pela varanda trazendo consigo o barulho calmo das ondas e o cheiro do mar. Ainda não havia sol e o céu cinzento era um prenúncio do dia que estaria por vir. A casa ficava em uma praia ao sul de Alagoas, estava vazia e o silêncio era pleno,interrompido somente pelo barulho dos coqueiros acariciados pelo vento e pelas aves pescadoras, naquela manhã senti como se tudo já me bastasse, não precisa de mais nada, a não ser dos meus sentidos. Como de costume os gatos, habitantes daquele lugar, se fizeram presentes dormindo aos pés dos lençóis, na cama larga, coberta pelo endredon branco dormia uma mulher branca de cabelos revoltosos, tinha no corpo toda a doçura e todo cheiro das flores que teimam em acordar nos dias de Agosto. Dela resplandecia o sol que se escondia por trás da nuvens, tê-la em meus braços, sentindo sua pele nua era como ter a certeza do firmamento, a vida despida de todos os fetiches encontrava um sentido pela sua existência. Naquela manhã tudo que realmente importava estava ali, naquele quarto, a brisa leve, o som do mar, os gatos e a linda mulher que sonhava amar.

domingo, 26 de julho de 2009

À Meia Luz

Havia apagado meu blog anterior por vários motivos, no fundo porque na verdade nunca gostei dele, desde o endereço que eu tinha criado há um ano atrás e nunca o tinha de fato o utilizado. E depois das ultimas experiências que passei pra mim ele me ocorreu como uma fuga. Depois de ter escrito o primeiro dos dois únicos textos, não o publiquei por um tempo, achei que era uma exposição enorme, porque no fundo estava falando de mim para mim mesmo. O segundo texto era um delírio total, e foi junto com ele que resolvi acabar com tudo. Conversando com uma amiga minha (Rosaly é você), ela me encorajou a re-criar o blog. No meio disso tudo estava relembrando algumas músicas que gosto muito e daí reencontrei um álbum da Marina Lima chamado Registros a Meia Voz, do qual eu tinha o CD e se perdeu nas dezenas de mudanças que fiz e lugares diferentes que morei. Pra finalizar sempre gostei dos ambientes escuros, da pouca ou nenhuma luz, das luminárias de mesa. Então é juntando tudo isso que me inspirei no que é agora o Registros a Meia Luz. Pra início de conversa republico o primeiro texto do blog anterior, minhas postagens serão na medida do possível sempre acompanhadas de algum video, musica ou podcast. Nesta deixo o videoclip da primeira música deste álbum da Marina Lima, chamada À Meia Voz.